domingo, 4 de dezembro de 2011

Habitantes do Pará, têm piedade de nós!

No dia 11 de dezembro de 2011, a população do Pará irá participar do plebiscito sobre o desmembramento do estado em três partes. A constituição estabelece que somente os cidadão diretamente interessados têm o direito de votar. Acredito ser essa divisão de interesse de todo brasileiro, mas como o termo "diretamente" só é aplicado a quem reside no atual estado do Pará, os demais serão obrigados a assistir a esse plebiscito de braços cruzados.
A questão é polêmica, ou seja, argumentos contra e a favor são defendidos. Os argumentos a favor são todos parecidos com promessas de campanha política em véspera de eleições, o mais apelativo deles sendo o de que a divisão proporcionaria melhor atendimento às comunidades carentes que vêm sofrendo com falta de necessidades básicas como saneamento, saúde e educação. O que há de concreto e verificável nessa ideia? Nada, ela é bonita e sedutora, assim como foram as promessas de campanha de quem foi eleito se comprometendo a acabar com os mesmos problemas.
E o que poderiam os muitos "indiretamente interessados" alegar para não apoiar a criação de mais 2 novos estados, promessas de que sem o desmembramento a miséria da população carente diminuirá? Mais do que sedutor, eis um argumento verificável, técnico, tangível, claro e inegável: mais dinheiro sairá do bolso do contribuinte brasileiro residente em qualquer estado, e sem nenhuma garantia de que tal pagamento compulsório será bem aplicado, exceto por promessas que ouvimos há séculos (daqui a 6 anos José Sarney completará meio século de promessas não cumpridas, para se ter uma ideia).
O congresso nacional é composto por 513 deputados federais e 81 senadores. São 594 legisladores muito bem pagos para exercer funções típicas (legislar = fazer leis) e atípicas (fiscalizar os gastos do poder executivo). Cada um desses 594 excelentes (oficialmente eles são reconhecidos pelo pronome de tratamento de Vossa Excelência, até o Tiririca) tem direito de nomear mais algumas pessoas, cujos salários sairão do bolso do contribuinte. Cada excelente tem também direito a muito mais prerrogativas que qualquer um do povo não tem, como plano de saúde especial, imunidade parlamentar etc... Mas alguns podem se perguntar por que estou inserindo esses dados, e a resposta é óbvia: a criação dos estados de Tapajós e Carajás irá aumentar também o número dessas criaturas excelentes, com todas essas prerrogativas que lhe são conferidas: 8 deputados federais e 3 senadores. Some-se a isso os mais de vinte deputados estaduais, 2 governadores, 2 prefeitos, vereadores e toda a estrutura para albergar toda essa excelente cambada. Sem levar em consideração eventuais desvios de verbas, isso custará milhões de reais mensais.
Criar mais dois estados é como aumentar a conta da contribuição sem gerar receita. É como dar dinheiro a quem não precisa, achando que tal verba seria aplicada em programas em benefício de quem realmente necessita. Se a administração no Brasil é ineficiente, aumentar o número de administradores em vez de melhorar a atuação dos mesmos não faz nenhum sentido. Assistamos então ao plebiscito e vejamos se os "diretamente interessados" preferem fazer valer à excelência de seu voto o poder de veto aos aspirantes ao título de excelência ou dar-lhes tal condição e mandar a conta para o resto do país dividir.

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