domingo, 4 de novembro de 2012

Pior do que estava, ficou.


Nas últimas eleições para deputado federal, um palhaço foi eleito. Ele obteve um expressivo número de votos, que segundo alguns milhares de eleitores foi manifestação de protesto. Nesse e em outros cargos eletivos, foram eleitos também cantores de pagode, cantores de samba, gente que não canta nada, alguns atletas e atores. Mas manterei o foco no palhaço, por ser notória a atenção a ele destinada ultimamente, assim como os elogios que tem recebido de pessoas cujo voto foi ou não para ele.

O ilustre deputado não falta às sessões plenárias, não está envolvido em escândalos de desvio de dinheiro público e também não está sendo acusado de quebra de decoro parlamentar (expressão de eufemismo que serve para não dizer furto, roubo, mentira etc). Ora, por todos esses motivos ouvem-se gritos apaixonados e honestamente fiéis, ovacionando o caráter excepcionalmente impecável do político em pauta. Ele mesmo declarou que não pretende tentar se reeleger nas próximas eleições, pois no congresso há muita burocracia e interesses alheios, assim fica difícil fazer o que queria: chegar lá e votar projetos de lei para ajudar o povo brasileiro.

Após essa declaração, os gritos e elogios aumentaram consideravelmente. Pessoas se emocionam e ficam indignadas com o fato de o palhaço ter vontade de ajudar seu país, mas encontrar óbice na politicagem que assola seu órgão.

Concordo que é positivo alguém que quer sinceramente ajudar seu povo ter sido eleito, mas fora isso não há nada de bom nesse episódio.  O próprio fato de alguém chegar à câmara dos deputados e reclamar que é difícil votar projetos de lei importantes para o país já é em si uma ideia absurda. Ele não sabia disso. Não sabia também que existem interesses alheios entre centenas de políticos, partidos e lobistas inseridos no jogo político. O coitado não sabia que numa democracia pluripartidária por excelência impera a necessidade de apoios, alianças, toma lá dá cá e afins, fora incontáveis dispositivos burocráticos que fazem com que a legislação seja muito difícil de ser implantada, corrigida, suprimida ou simplesmente modificada.

Em suma, um palhaço vai receber dos cofres públicos no mínimo 1 milhão e 300 mil reais em 4 anos para descobrir que é difícil trabalhar no legislativo e que não tem capacidade de fazer nada de bom pelo Brasil e a galera o aplaude, glorifica, defende e canta junto.