A taxa crescente na economia dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e Coreia) tem sido motivo de orgulho, e a taxa decrescente na economia dos países ricos tem sido motivo de tormento. Isso em linhas gerais, pois economistas como Maílson da Nóbrega andam torcendo o nariz (a maioria não tem mais cabelos para arrancar) em relação à volta da inflação no Brasil. O presidente do Banco Central diz que a inflação acima da meta fixada para o ano de 2011 já era esperada e que ela será alcançada em 2012.
Tombini já trabalhou no FMI, tem uma grande experiência em se tratando de economia, foi indicado pela presidente Dilma de acordo com a meritocracia, o que é de se orgulhar levando em conta as tradições políticas brasileiras, mas o que mais chama a atenção na declaração acima é a retórica.
Ver o ministro do trabalho Carlos Lupi esbravejando e mentindo descaradamente quando pergunta "como é mesmo o nome dele?" não causa nenhuma confusão sobre o fato de Lupi ser péssimo ator e político brasileiro, basta imaginar no absurdo que seria alguém se perguntando "qual é mesmo a cor do café preto?", mas é preciso ser um pouco mais atento ao se deparar com frases como a de Tombini sobre a a meta da inflação de 2011. Vejamos: se a meta do índice inflacionário para esse ano era de 4.5%, e se era sabido que esse número seria ultrapassado, então para que estabelecer um número menor do que se espera? É como dizer: "vou parar de fumar ano que vem", e no ano que vem dizer: "já era esperado que eu não cumpriria a promessa".
Essa velha retórica antiga já é velha e antiga, por isso não costuma pegar desprevenido quem as ouve com atenção. A novidade que tem animado milhões de pessoas com renda acima de 70 reais por mês - e por isso acima da linha da miséria - são os números. Quando Sarney era presidente, dizia-se que a inflação ia ser controlada, e passava de 30% ao mês. Hoje se diz que ela vai ficar em 4.5% ao ano, e quase chega aos 7%. Os números sobre os BRICs ensejam esperança; os sobre as potências desenvolvidas, revolta (para eles, não para nós). Acima dos países pobres, dos ricos e dos emergentes está um instrumento que deflagra desigualdades em massa em qualquer lugar: a crise financeira mundial que tem em seu núcleo as instituições financeiras privadas. Portanto, os números sempre aumentam e diminuem. Talvez Maílson da Nóbrega tenha razão, talvez não.
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