domingo, 25 de março de 2012

Chico Anysio Show is over.

Francisco de Paula, enquanto viveu, foi autor de muitas declarações polêmicas, tanto no âmbito público como no privado. Os noticiários dedicaram alguns preciosos minutos a homenagear o grande artista no dia de sua morte e uma notória atriz inclusive comentou: "ele nos deixou uma grande obra e foi um exemplo de pai amoroso". Será mesmo?
Muitos adultos hoje se recordam de ter assistido a seus programas na infância, dado risadas na adolescência e finalmente de discordar e concordar com alguns de seus bordões na maturidade. O comediante, em sua obra, ora tendia ao politicamente correto, ora sugeria ao grande público que nem sempre isso se adequava à realidade, pois a realidade nas décadas em que viveu e trabalhou não permaneceram imutáveis.
Já no seio de sua vida particular, embora a mídia não tenha tido muito interesse em enfatizá-la, Chico em suas confidências pôde concretizar o que era tão potencial profissionalmente: ser paradoxalmente bom e ruim; inteligente e ignorante; apaixonado e desinteressado. O mesmo boçal indiferente à ecologia manifestou-se contra interesses escusos do dono da Globo; o mesmo pai que chamou um de seus filhos de medíocre agradeceu ao carinho dos outros.
Geralmente quando alguma celebridade morre, todos costumam enaltecer o falecido declarando, repetidas vezes, características nobres inatacáveis como: amor, ternura, ponderação. Eu me lembrarei dele como alguém que xingou a própria família, mostrou a todos que nosso país não é tão belo quanto pensam e nosso povo não é tão digno de respeito, prejudicou e ofendeu injustamente (e também justamente) algumas pessoas, mas teve a capacidade de pedir perdão e admitir os grandes erros que cometeu.
Ninguém é perfeito. Chico Anysio aprendeu e ensinou-nos rindo a levar a vida a sério.