domingo, 30 de outubro de 2011

Nova moda

O Brasil sempre foi adepto incondicional a modismos estrangeiros. Desde os tempos do Brasil Colônia isso acontece. Por que as mulheres usavam vestidos longos e os homens terno, gravata e cartola debaixo do sol escaldante no verão brasileiro em regiões como Nordeste e Sudeste? Por causa da moda. E tem sido assim até os dias atuais, sempre seguimos a moda que vem de fora.
Seguir uma moda (ou tendência, para aqueles que preferem usar um eufemismo) não parece ser um hábito negativo, desde que sirva a algum propósito positivo. Retornemos às origens de nosso País: copiar a indumentária européia, que no inverno de lá servia para manter o corpo aquecido, serviu-nos para quê? Ora, para uma boa estética das classes sociais mais altas da época, que aliás não contava com aparelhos condicionadores de ar elétricos.
Em 1988 nossos legisladores editaram a tão famosa Constituição da República, a "Constituição Cidadã". Ela foi elaborada nos moldes da constituição dos Estados Unidos. Copiamos os americanos. O que há de errado nisso? Nada, a constituição norte-americana tem mais de 200 anos, poucos artigos e sofreu pouquíssimas emendas até então. E o produto de termos seguido essa "tendência"? Mais de 250 artigos, numa linguagem que o povo brasileiro não consegue entender, incontáveis emendas, contradições e até um artigo dizendo que um colégio no estado do Rio de Janeiro pertencerá sempre ao âmbito federal. Sim, na Carta Magna que é considerada acima de qualquer lei que existe em nosso País, existe um artigo tratando de um assunto ridículo como esse, um colégio que eternamente o legislador quis que ficasse sob a tutela da União, e não de qualquer estado-membro. Inserir isso no texto constitucional foi seguir alguma "tendência"? Não, nisso o legislador brasileiro foi original.
Enfim, tentamos seguir modas e as distorcemos, mas tentamos. Tentamos ser originais e só fazemos besteira, mas nos esforçamos. Ah, mas estou sendo injusto, já copiamos muitas modas e até as aperfeiçoamos, vale dizer: as modas inúteis, como a do rebelde sem causa dos anos 50. A moda agora no exterior é fazer protesto contra a corrupção e ocupar praças públicas, com seriedade e sem prazo de desocupação. Parece que, infelizmente num momento como esse, o povo brasileiro não quer mais copiar o que vem de fora e resolveu copiar o que nós mesmos produzimos - ou pensamos produzir - : é só andar pelas ruas e não veremos ninguém ocupando praças públicas e protestando contra a ganância dos investidores que controlam a economia, mas estão copiando muito bem o corte de cabelo de um jogador de futebol (que o copiou dos índios americanos).

domingo, 23 de outubro de 2011

Ter fé é preciso, ter fé não é preciso.

O Sr. Roberto Pompeu de Toledo, em artigo publicado pela revista veja desta semana, delineou de forma clara e concisa - e assim, logicamente, de maneira não ortodoxa - o tratamento que o Brasil dá ao tema que, considerado sagrado, traz nesse adjetivo já uma conotação que deixa claro a tendência criticada pelo autor do artigo: religião.
Os dispositivos constitucionais indicados pelo colunista evidenciam uma disparidade indisfarçável em relação a subsídios, subvenções e outras vantagens destinadas a cultos religiosos ou igrejas e a "escolas confessionais". Ah sim, qualquer cristão atento me acusaria de estar agindo de maneira discriminatória sugerindo que tais "escolas confessionais" são de natureza católica, e talvez algumas protestantes. E eles realmente estariam com a razão, se realmente existissem escolas confessionais de natureza budista, umbandista, taoísta, confucionista etc agraciadas com verba pública. Existe alguma, pelo menos uma no Brasil?
Pompeu de Toledo não comentou (talvez por falta de espaço) uma parte bem extensa da Constituição da República que é considerada cláusula pétrea (e que não pode ser objeto de emenda):o artigo 5º. O legislador constituinte fez questão de inserir 3 incisos nesse artigo para estabelecer garantias a quem quiser exercer livremente qualquer culto ou liturgia, e garante também que tal proteção será feita na forma da lei. Desconheço que lei é essa, se existir. Mas caso não exista, torço para que nossos legisladores (Tiririca, Romário, Popó, entre outros)se esforcem em editar outras leis, como por exemplo a lei que regulamenta o direito de greve dos servidores públicos, que está esperando para ser editada há 22 anos e os ocupadíssimos deputados e senadores ainda não tiveram tempo para redigí-la.
Há tambem outros temas a serem tratados na constituição, como por exemplo o direito à educação, ALIMENTAÇÃO e moradia; e se não obtiverem o adjetivo de "sagrados" levando-se em conta o tratamento que lhes é dispensado, torçamos para que ao menos obtenha o de "importante".