Há 4.5 bilhões de anos não existia planeta terra. Há centenas de milhares de anos não existia a raça humana. Quantos milhares de anos? Não polemizemos a questão, a intenção não é essa. Chutemos por baixo então, dizendo que há cerca de 150 mil anos não existia a raça humana.
Das cavernas à era espacial houve um imenso progresso, e nos últimos 100 anos a humanidade progrediu mais do que nos últimos 1000 anos. Mas progrediu em que? Tecnologia? Sim, tecnologicamente houve um progresso inegável entre a invenção da geladeira e o armazenamento de dados nas nuvens. A medicina também deu um grande salto, assim como outras áreas acadêmicas, como a psicologia, que há pouco mais de um século nem existia e era estudada junto com a filosofia. Mas o cérebro humano não evoluiu tanto assim nos últimos milênios. A ideia de que hoje somos mais inteligentes do que antigamente é um grande equívoco, se isso fosse verdade qualquer pessoa hoje em dia, seja jogador de futebol ou cantor (cantor?) de funk seria mais inteligente do que Platão, Aristóteles, Sócrates, Tales de Mileto e muitos outros que viveram há mais de 2000 anos. Não se pode nem dizer que o ex-presidente Lula é mais inteligente do que algum senador da Roma antiga, excetuando-se o cavalo nomeado senador por Calígula. Bom, há quem diga que nem isso...
Desde a antiguidade clássica na Grécia (500 AC), na verdade nada mudou. Paramos no tempo. São 2500 anos de pura teimosia e a cada dia que passa o número de teimosos aumenta, hoje já são mais de 7 bilhões. E esse número tão elevado de animais racionais teima em que, afinal? Em não concordar com alguns e concordar com outros. Em acreditar que há alguém que sabe a resposta de todas as perguntas. Em insistir e achar que dizer "eu não sei" é um sinal de fraqueza. Obviamente nem todos são tão teimosos, alguns são menos.
Essa capacidade de abstração que nos difere tão visivelmente das outras espécies está sendo pouco usada, ou não está sendo usada tanto quanto poderia. Nossa capacidade de raciocinar nos permite duvidar de tudo, e eventualmente do que acreditamos ser verdade, mas praticamente ninguém exerce esse direito de duvidar do que sabe, ou pensa que sabe. Exemplificando: o cachorro daquela história que virou filme ia buscar o dono todos os dias na estação de trem, e quando seu dono morreu ele continuou esperando-o até morrer também, de velhice. O cachorro não é teimoso, ele apenas não tem capacidade de raciocinar e chegar à conclusão de que seu querido dono não mais está entre os outros seres viventes.
Nós humanos temos capacidade para raciocinar, mas continuamos esperando muitas coisas que não retornarão e também acreditando em muitas coisas de que já deveríamos ao menos estar duvidando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário