domingo, 20 de novembro de 2011

Nem foi preso, Nem é criminoso

Ocupação da Rocinha. Prisão do traficante "Nem". Essas duas notícias fizeram muitos se sentirem orgulhosos ao lê-las ou ouvi-las durante a semana. Mas apesar de não ter uma ótima memória, recordo-me de há cerca de uns 7 meses ter assistido a incessantes noticiários sobre ocupação das favelas no Rio. Não esqueço também os elogios que essas operações de pacificação dos morros receberam de quem as acompanhou, monitorou, arquitetou e até de quem mal sabia o que estava acontecendo e eventualmente também demonstrou sua opinião positiva.
Ninguém negou que foi uma atuação válida e produtiva contra o crime organizado nas favelas do Rio. Ninguém, a não ser os "T.H.S" - Traficantes, homicidas e simpatizantes. Não sou T.H.S, tampouco vejo motivos para criticar uma ação pacificadora em regiões já caracterizadas tradicionalmente pela violência. Mas o Brasil é um país tragicamente cômico, aqui não se diz que não se deve procurar pelo em ovo, mas sim que os ovos não existem, ou então, no máximo, que isso faz parte da cultura brasileira.
A Rocinha finalmente foi ocupada e o traficante "Nem" foi preso. Acho isso positivo, mas inevitavelmente levanto algumas questões: 1- Como puderam elogiar tanto as ocupações das favelas do Rio no mês de março e esquecer de uma com 200 mil habitantes? 2- Nessas operações, dezenas de armas foram apreendidas pela polícia e pelo exército, mas TODO esse armamento não foi conseguido pelos traficantes diretamente através da própria polícia e do próprio exército? 3- O traficante "Nem" era o ditador da Rocinha, mas por que então - excetuando-se os que viviam sobe seu regime ditatorial - o resto da população brasileira mal sabia de sua existência?
Provavelmente mais ocupações acontecerão. E sem deixar no esquecimento a metáfora do pelo em ovo, acredito pertinente aqui apontar mais uma: a de espalhar a doença para depois vender a cura. Acho que acompanhar os noticiários tem me feito rejuvenescer, ou então chegar à conclusão de que as crianças entendem mais de política do que os adultos. Afinal, a seguinte questão não seria digna de uma criança? "Por que tanto empenho em combater o crime apenas, não seria bom também algum esforço para preveni-lo?".

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