Já disseram que o brasileiro é um Narciso invertido, que gosta de enfatizar os próprios defeitos em detrimento de suas qualidades. Onde estão essas pessoas? Será que estou considerando erroneamente alguma parcela da pirâmide social? Vamos lá: no topo, temos os empresários endinheirados e a classe política (governo e oposição). Eles acham que já aprenderam tudo que existe para se aprender e gostam de ensinar, e ensinam a ter orgulho de um país que cresceu um pouco, só um pouquinho do que poderia e deveria.
Mais abaixo temos a famosa classe média que não raro come presunto e arrota caviar, chamá-los de Narcisos invertidos seria comprometer totalmente a semântica das palavras envolvidas. Na base da pirâmide temos a população pobre, carente e, mais abaixo ainda, temos o que o governo do PT chama de "linha abaixo da pobreza". Viver com renda inferior a 70 reais não deixa muito espaço para ficar enfatizando retoricamente as qualidades e menosprezando os defeitos, e vice-versa.
Não existem Narcisos invertidos então? Nunca vi um. Não esse que delineiam em um retrato com traços distorcidos, que se sente bem em chafurdar no lodaçal da ignomínia e continuar descendo a ladeira da infelicidade rumo ao inferno na terra. Existem sim os que apontam para os defeitos alheios, ah esses existem e incomodam. Mas incomodam pouco, apontam pouco, haja vista que muitas vezes a hierarquia e a tradição política não propicia boas oportunidades para isso.
Alguns desses estão fazendo um tremendo barulho no oriente médio há pouco mais de 1 ano já, e vários deles já perderam a vida por isso. Estão dispostos a lutar e dar a vida em troca da liberdade e igualdade social que tanto almejam. Aqui no Brasil já houve um processo de democratização do estado, e alguns já perderam suas vidas por esse grande triunfo social.
Não há mais necessidade de fazer barulho então, alguns diriam; e muitos acreditam, outros esquecem. Cria-se aí a figura do Narciso invertido às avessas, que poderia muito bem ser considerado como o mesmo Narciso fraco de espírito imbuído de sérias deficiências de caráter desde a antiguidade. E observando com um olhar mais aprofundado, é isso mesmo.
É isso ae. Povinho passivo. Só gostamos de falar "que país podre", mas cadê a ação?
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