Ninguém gosta de ditadura, tirania, autocracia. O sistema totalitário foi banido de praticamente todas as nações soberanas do ocidente e agora o estado democrático de direito é enaltecido e defendido democraticamente, deixando claro que o assunto "direitos humanos" deve ser colocado em pauta sempre que pertinente - e quando não é? - , e com respeito absoluto à dignidade da pessoa humana. A democracia foi uma conquista, e como tal deve ser mantida.
Até aqui só estou chovendo no molhado e enchendo linguiça, reclamariam alguns. E com toda razão. Mas fiz isso intencionalmente para mostrar que estamos acostumados a ver só um lado da moeda. Nem sempre temos tempo ou vontade de olhar a face oposta de algo que se apresenta tão sedutor, e nunca nos é apresentada essa possibilidade, pelo menos não nas letras de músicas hiper populares e programas de entretenimento com audiência recorde.
Não vou defender a ditadura nem o estado totalitário e aristocrata, mas às vezes parece que isso não acabou e, sim, evoluiu para um estágio onde a tirania foi exponencialmente aumentada e a violência substituída pela manipulação ideológica, causando muito mais destruição (tanto moral quanto física) e fazendo com que as próprias vítimas se sintam responsáveis pelos estragos.
No último ano cansei de ouvir que "o despótico ditador Muammar Gaddafi enfim foi retirado de seu reinado de maldade". Parece revoltante ficar sabendo que uma pessoa governou um país por 42 anos, não? Ainda bem que no Brasil temos a democracia, não é mesmo? Não, não. Quem somos nós para ficarmos com pena de um povo que foi obrigado a aceitar um líder governando seu país durante 42 anos? Nós não só estamos acostumados com as mesas figuras no poder, como inclusive os elegemos DEMOCRATICAMENTE. ACM esteve no poder legislativo e executivo aqui por mais de 50 anos e após falecer, seu filho e agora seu neto continuam o legado. Outras dezenas de parlamentares estão dividindo o congresso com Fernando Collor, Paulo Maluff e Jader Barbalho. Somemos quanto tempo cada um já vem exercendo poder tanto no legislativo quanto no executivo e teremos centenas de anos sob o jugo dos mesmos governantes. Contando todas as reeleições de políticos que deixam Gaddafi parecer uma criancinha em matéria de permanência no poder, chegaremos a milhares de anos.
Durante alguns anos manda Fulano, nos outros 4 ou 8 anos manda Cicrano, alternadamente assim podem se controlar e evitar abusos. Essa é a égide da democracia que deveria nos proteger. Mas na prática isso funciona como uma ditadura legitimada e apoiada pela vontade do povo.
Mas o Gaddafi mandava matar qualquer do povo que se manifestasse contra ele, choraminga o meu lado que ainda possui um resquício de senso-comum. Por sorte, meu lado que rejeita o senso-comum é mais forte e questiona: então mandar matar pessoas é melhor do que desviar bilhões de dólares para bancos em paraísos fiscais enquanto milhões vivem com renda inferior a 70 reais por mês, sem saneamento básico, educação, lazer, cultura em pleno século XXI? O senso-comum não responde, está ocupado ouvindo um breganejo ou assistindo ao jogo do timão.
Gostei muito.. escreve muito bem Maeda, só não gostei da última palavra do texto, é muito pejorativa e um pouco preconceituosa, porque não cita então o seu "framengo"... Mas voltando ao assunto, aqui em Maringá tivemos algumas famílias que manipularam e monopolizaram a política local e estadual, veja o exemplo dos Dias (Álvaro e Osmar), em curitiba o tal do Richa e por aí vai... Mais uma vez retrato, odeio política, mas não posso ficar alheio ao assunto já que sou cidadão e tenho que engolir esta sujeira toda. abraço. Alex Caparelli
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